Arte Naïf - Nossa história
A Galeria Jacques Ardies está localizada na Vila Mariana e ocupa uma casa antiga completamente reformada.
A galeria, que iniciou suas atividades em agosto de 1979, tem por vocação a divulgação e a promoção da arte naïf brasileira.
Ao longo desses 42 anos, muitas exposições foram realizadas, 120 exposições individuais e mais de 200 coletivas, no seu próprio espaço e também em Museus como por exemplo o MAC de Campinas, MAM de Goiânia, Espace Art 4 de Paris, Espaço Cultural de FMI em Washington, Musée International de arte Naïf Anatole Jakovski em Nice, Memorial da America Latina em São Paulo, para citar apenas alguns e também em galerias de arte como por exemplo,a Galeria Jacqueline Bricard no sul da França, a Galeria pro Arte Kasper na Suíça e a Gina Gallery em Tel-Aviv – Israel.
Em 1998, Jacques Ardies lançou o livro Arte Naïf no Brasil com a colaboração do crítico Geraldo Edson de Andrade e em 2003, publicou o livro sobre a vida e obra do artista pernambucano Ivonaldo, com texto do professor e crítico de arte Jorge Anthonio e Silva.
Em 2010, lançou o segundo livro sobre a Arte Naïf no Brasil com texto da sua autoria e comentários de 4 amigos também apaixonados por esta arte. Quatro anos depois, foi editado este mesmo livro numa versão em francês.
A galeria expõe permanentemente quadros e esculturas de 80 artistas selecionados e considerados como representativos do movimento da arte naïf brasileira.
Nossa História




LIVRO A ARTE NAÏF NO BRASIL
E o sonho se realizou. A edição de um livro dedicado à ARTE NAÏF brasileira atende ao desejo de poder apresentar uma obra informativa e referencial de uma expressão artística essencialmente nacional e representativa da cultura brasileira.
Os pintores naïfs brasileiros dispóem de um cenário invejável. Praias ensolaradas, alegria de viver, terras férteis, riquezas ainda não exploradas, dinamismo de um grande país onde convive um povo tolerante e otimista, oriundo de uma mesclagem complexa de várias gerações de índios, portugueses, italianos, africanos, árabes, judeus, japoneses e outros. É verdade que os problemas do Brasil são proporcionais à sua dimensão, país do futuro próximo, país também da acolhida calorosa, país apaixonante.
A grande sensibilidade do provo brasileiro, mundialmente conhecida através da música, se demonstra também no campo das artes plásticas.
Anatole Jakovsky, famoso expert mundial em ARTE NAÏF, escrevia em 1969: “O Brasil representa, junto com a França e com a Iugoslávia, um dos reservatórios mais ricos e variados da ARTE NAÏF no mundo”. Mas então porque a ARTE NAÏF brasileira não é tão conhecida? Primeiramente, trata-se de um movimento jovem que debutou na década de 50, cuja aparição aconteceu na França, no final do século passado, com o surgimento do douanier Rousseau. Além disso, não é um estilo que interessa aos salões oficiais e museus. Por definição, o estilo naïf não exige uma formação de Belas-Artes, e tal característica provoca o surgimento maciço de pintores que atendem ao mercado do decorativo e do souvenir, provocando dessa maneira uma deturpação da imagem do movimento naïf. Finalmente, o estilo naïf é renegado pela crítica em geral, que veta qualquer espaço na mídia e se recusa a tomar conhecimento de sua produção.
Procuramos oferecer uma visão da produção dos artistas que fizeram ou ainda fazem a história do movimento, complementada pelos artistas mais jovens que lutam para conquistar seu espaço.
Esta seleção não tem a pretensão de ser exaustiva, e pedimos perdão a todos os artistas que não constam neste livro. Apenas precisávamos encontrar os limites do possível, sem partir para a elaboração de um dicionário.
A realização deste livro só pôde concretizar-se graças à cumplicidade do crítico de ate Geraldo Edson de Andrade, profundo conhecedor deste estilo. Recebemos também, um apoio entusiasmado dos colecionadores e de todas as pessoas que prestaram sua ajuda e mostraram disponibilidade.
E não poderíamos deixar passar esta ocasião sem expressar o nosso profundo agradecimento a todos os artistas que depositaram em nós sua confiança e nos ofereceram sua fidelidade ao longo desses últimos 20 anos.
É preciso desenvolver o caráter de brasilidade de nossa pintura para nos afirmarmos lá fora e aqui dentro. É preciso cultivar a alma do povo para podermos nos apegar às nossas raízes e encontrar a essência da existência.
(Jacques Ardies)

LIVRO IVONALDO
Era uma vez um menino de origem modesta que sonhava ser pintor.
Mesmo sem ter noção do que implicava esta palavra, o sonho foi se transformando em obstinado desafio.
Ivonaldo nasceu em Caruaru, região árida do interior do Pernambuco e conviveu com os pais e seus onze irmãos até a idade de doze anos.
Este livro conta a história dos seus primeiros passos até o apogeu da consagração, procura esclarecer os motivos da sua timidez, da sua insegurança e também relata as vitórias conquistadas ao longo de uma vida intensa e tumultuada.
Das poucas cores, porém berrantes, do seu começo, ele experimenta o amarelo da região árida da caatinga. O artista viaja então para a Europa sendo influenciado pelas tonalidades pastéis do velho continente, e quando retorna ao Brasil expressa-se com tons mais quentes, para finalmente chegar à explosão de cores ao reencontrar o seu Pernambuco, de onde provavelmente nunca mais sairá.
Ivonaldo tem o privilégio de amalgamar os ingredientes condizentes para buscar a perfeição: talento, inteligência, sensibilidade e modéstia. Esta última virtude o levou a uma constante procura do “melhorar” criando novos desafios a cada etapa de sua carreira.
A evolução do artista silencia os que insistem em afirmar que um pintor naif somente é digno de interesse nos primeiros anos, alegando que posteriormente ele perde a sua espontaneidade e conseqüentemente a sua autenticidade. Na opinião preconceituosa de alguns críticos, a ARTE NAIF carrega uma conotação negativa e quando o artista naif alcança a notoriedade, invariavelmente eles se apressam em bombardeá-lode neo-qualquer-ismo, argumentando que o tal artista transcendeu essa classificação. Como se o “rótulo” naif carregasse uma espécie de doença da qual o artista consegue livrar-se. Em qualquer expressão artística existe o medíocre, o amador, o oportunista, mas também a genialidade, o talento, a personalidade.
Há mais de 20 anos, venho acompanhando a carreira de Ivonaldo. Em muitas ocasiões, testemunhei transformações radicais de pessoas que, num primeiro encontro, comentavam sua rejeição à obra, modificando sua opinião a cada novo olhar, para chegar finalmente a uma conclusão diametralmente oposta, adquirindo quadros para suas coleções.
Chegou o momento de documentar e legitimar esta longa caminhada através da publicação deste livro que conta com a participação do professor e crítico de arte Jorge Anthonio e Silva, que escreveu um texto esclarecedor e íntegro expressando sua admiração pelo seu grande amigo.
A seleção das obras reproduzidas neste livro encontrou dificuldades pelo fato da maioria delas encontrar-se fora do Brasil. Dificuldades estas que foram superadas, no entanto, graças à boa vontade dos colecionadores.
O percurso de Ivonaldo mostra que sua irrequieta busca, impulsionou sua obra para uma progressiva e certeira melhoria, conquistando uma autoconfiança no seu trabalho, dando-lhe acesso a um domínio da técnica e uma fluidez pictórica indiscutíveis.
(Jacques Ardies)

LIVRO A ARTE NAIF NO BRASIL II
A nova edição atende à necessidade de atualizar o conteúdo do primeiro que foi publicado em 1998 e que se encontra esgotado. Para Ardies, esse livro procura apresentar uma obra informativa e referencial de uma expressão artística de grande interesse com a participação dos artistas fundamentais que fizeram a história do movimento e complementada pelos artistas atuantes. A publicação não pretende esgotar um assunto que, pela própria essência, é muito rico de interpretações e poderia ter uma abrangência maior. Procura, por sua vez, escolher os autores de maior representatividade. Há também uma vontade de oferecer informações didáticas sobre os artistas que se encontram no final do livro onde é apresentada uma biografia resumida dos 79 artistas selecionados. Para conferir um toque improvisado, mas autêntico, o autor convidou quatro pessoas declarados amantes deste estilo dispostos a apresentar um testemunho, cada qual à sua maneira, respondendo a pergunta: “porque você gosta da arte naif?”
(Jacques Ardies)
